

Porto União - 100 anos
Centenário de Porto União produzindo notícias e histórias
A Academia de Letras do Vale do Iguaçu não poderia deixar de registrar no site alguns elementos que retratem a memória e a história da cidade centenária. Será um espaço no qual os Acadêmicos poderão colocar pequenos textos sobre a cidade, cópias de documentos, entre eles fotos antigas, poesias e crônicas, como compromisso de contribuir no alargamento dos horizontes da história e da memória dos homens e mulheres que nos antecederam e construíram a cidade que é Porto União na atualidade. Por esse caminho, pretendemos efetuar um trabalho que dê conta de informar, rememorar e, principalmente, valorizar a cultura local, as ações realizadas no passado e presente que dão suporte aos valores e integridade de um povo corajoso, desbravador e inaugurador da história local.
Abrimos esta secção com o tema:
Porto União: Vila Gemma, Arquitetura e História [1]
Leni Trentim Gaspari[2]
Minha homenagem a Porto União, pelo seu aniversário, vai no sentido de valorização do patrimônio arquitetônico dessa linda cidade. A preservação do patrimônio histórico-cultural de uma cidade contribui para a formação da identidade de um grupo social e fortalece sua significação cultural pela preservação desse patrimônio. A arquitetura representa um elemento da cultura de um povo e reflete o modo de agir, pensar e sentir em determinada época, pelo conjunto de signos que envolvem as construções, fazendo com que cada uma delas tenha uma mensagem.
Minha reflexão nesse texto encaminha-se para a casa conhecida como Vila Gemma, em Porto União, hoje, sede do Museu Municipal Prefeito Salustiano Costa Júnior, um espaço de história e memória. Para escrever sobre o assunto, utilizo-me de informações cedidas gentilmente por Lina Benghi, neta dos proprietários da antiga residência da família. Seus avós, Raphael Benghi e sua esposa, Gemma Balardini Benghi, ambos italianos emigrados para o Brasil ainda meninos, em 1898.
O projeto arquitetônico da casa foi encomendado a um engenheiro/arquiteto, italiano, Carlo Conti, que residiu na cidade por algum tempo, segundo registros, entre o final da década de 1920 e o início de 1930. Na avaliação do professor de Arquitetura Brasileira, Key Imaguire Junior,[3] a arquitetura corresponde ao estilo eclético:“ Do ponto de vista estilístico, apresenta ornamentação totalmente vinculada ao Ecletismo: os vãos têm verga em arco-pleno com ombreiras colunadas ao sabor neoclássico, assim como as janelas de vão triplo. Bandeiras, balaústres das sacadas e do guarda-corpo da escadaria, portão de ferro e demais elementos aplicados, pertencem ao mesmo momento. Há bastante probabilidade de que, para a sustentação das sacadas, como conta a tradição, tenham sido usados pedaços de trilhos, prática construtiva comum no período”.
Foto atual da Vila Gemma – 2012 Espaço onde está instalado o Museu de Porto União, Salustiano Costa Junior.
Fonte: Acervo da autora
Os documentos originais da Vila Gemma indicam que a área da construção original era de 400 metros quadrados, aproximadamente.. Era considerada pelos proprietários como a “chácara”, tendo em vista que residiam no Hotel Internacional, de sua propriedade, localizado na Praça Hercílio Luz, no centro da cidade, em frente da Estação Ferroviária. Em 1942, o casal Rafhael Benghi e Gemma, depois de aposentarem-se do trabalho de hotelaria, passaram a ter moradia fixa na Vila Gemma. Nos anos 50, a construção foi ampliada, com o acréscimo no primeiro andar, junto à rua Jerônimo Coelho, recebendo um banheiro moderno, com azulejos e conjunto sanitário de louça, e a construção de uma saleta para a confecção das massas que eram consumidas diariamente.
Como residência da família Benghi, a Vila Gemma foi utilizada por 40 anos, aproximadamente, até início dos anos 80. Seus proprietários, muito hospitaleiros, rodeados pela família extensa e muitos amigos, promoviam festas, assim como belas comemorações natalinas . A cozinha era o centro da vida doméstica, com seu grande e belo fogão econômico, esmaltado e decorado com flores. A mesa farta de iguarias da culinária italiana era acompanhada pela música ao piano alemão, muito bem dedilhado pelas moças da família. No primeiro andar localizavam-se os dormitórios do casal e da filha solteira. Os dois quartos do terceiro piso eram destinados aos três filhos homens. O piso térreo, por muitos anos, esteve alugado para casa comercial e atualmente abriga uma loja de artesanato local.
Lina volta no tempo, ao relatar pormenores tão significativos da casa dos seus avós e que lhe trazem lembranças muito felizes. Conta ainda que a área onde a casa foi construída tinha aproximadamente quatro mil metros, dos quais uma parte foi vendida ao Clube Aliança, antiga Sociedade Italiana Beneficente “Dante Alighieri”, espaço que congregava os imigrantes dessa etnia, para preservação da sua língua, enfim, da cultura italiana, com escola e clube social. A Sociedade Italiana, portanto, fazia limite com a propriedade da família Benghi, na esquina da rua Jerônimo Coelho com a rua XV Novembro, onde hoje está o Clube Aliança.
Vila Gemma, que no passado foi espaço de reuniões sociais e familiares, hoje é um espaço de memória, um espaço cultural que surgiu pela manifestação da sociedade local. O interesse em sua preservação manifestou-se no abaixo-assinado, realizado em meados do ano de 2009, momento em que tornou claro o desejo comum da população de, após a restauração, utilizá-lo como espaço cultural. Um contrato entre os herdeiros e a Prefeitura da Cidade firmou a ocupação do edifício em regime de comodato, pelo período de 10 anos, a contar de meados de 2009, com o compromisso do restauro dele, assim como do seu jardim.
Essa ação da administração pública veio ao encontro das expectativas da comunidade, que espera há tempos pela revitalização do museu e pela criação de um arquivo histórico. Revitalização, não apenas no sentido de uma estrutura física adequada, com um espaço para a “guarda” de documentos históricos, cumprindo a função de preservador e conservador do patrimônio cultural, mas ser um agenciador no processo de educação alternativa e valorização do homem e seu meio.
Não há como negar a importância do museu como unidade funcional social, elo entre o passado e o presente, não apenas como um espaço de “coisas antigas ou de curiosidades”, mas como o local onde a comunidade expressa seus interesses e encontra sua identidade e referências culturais. O acervo ali depositado permite essa identificação, a partir de estudos feitos por profissionais conhecedores da cultura material, pois é indispensável que um museu tenha um sistema de documentação que possa dar conta dos dados referentes aos objetos ali depositados.
Anteriormente à restauração, a casa fechada guardava lindos e imponentes móveis marchetados, porcelanas, objetos de decoração (atualmente sob a guarda dos herdeiros), em sua maioria em estilo art-déco. Integrou-se ao acervo, permanecendo na casa alguns móveis, um piano alemão, algumas pinturas decorativas nas paredes, comuns na decoração da época, ao que tudo indica, é de autoria de um imigrante austríaco, Sr. Bieberbach. Observa-se no espaço a preocupação dos responsáveis pela guarda desses objetos, a preocupação com a preservação desse patrimônio, bem como dos demais elementos transferidos do antigo prédio do Museu Municipal.
Tantas lembranças, tantas histórias! Recentemente estive lá, visitando esse espaço, com um grupo de professoras, e fiquei admirando, além da beleza da casa o espaço dedicado ao jardim que, à época , pelos cuidados da família, era mantido com muito zelo e os belos canteiros coloridos davam um toque muito especial ao recanto acolhedor. Chamava a atenção dos passantes uma enorme glicínia, que se debruçava da balaustrada em cima do muro de pedra, com suas flores lilases, cuja beleza e perfume ainda estão guardados na memória dos habitantes de Porto União da Vitória.
Uma linda casa, como tantas outras em nossa querida Porto União, que merecem ser preservadas e cuidadas como elemento cultural de determinada época, e mantêm o equilíbrio entre crescimento e progresso, sem desconsiderar o passado.
[1] Texto escrito como homenagem a Porto União, pelos seus 97 anos, publicado no Jornal O Comércio.
[2] Membro fundador da Academia de Letras do Vale do Iguaçu, tendo como patrona Edy Santos da Costa.
[3] Parecer sobre a Casa Benghi: texto escrito pelo professor Imaguire, a pedido de Lina Benghi, em 2010.
ESPAÇO CULTURAL
Cem anos de Emancipação
Therezinha L. Wolff
Estamos no limiar do Centenário de Porto União. Cem anos de história que se iniciou com a de nossa vizinha União da Vitória, quando ainda não existiam os trilhos para separá-las, mas apenas um rio por onde chegavam ou partiam pessoas e mercadorias indiferentes as margens onde aportavam.
Tomaram conhecimento após o acordo feito entre Paraná e Santa Catarina que, infelizmente, considerou uma ferrovia, a qual cortava o “coração da cidade” como um dos marcos divisório. Apenas politicamente separou a população.
Digo politicamente, pois as pessoas não foram consultadas e muito tempo levou para assimilarem tal fato. Fato que não prejudicou o progresso pois nos campos da cultura, do profissionalismo, do social, do econômico e do religioso sempre houve a preocupação de intercomplementar ações.
Intercomplementariedade que favoreceu a evolução progressiva e progressista de Porto União e de União da Vitória.
Se retrocedermos no tempo, a instalação das correntes imigratórias aqui chegadas deu-se em ambas as cidades. Com esses pioneiros, indiferentes ao local onde ergueram suas moradas, vieram cultura e educação, arquitetura e profissões, comércio e indústria, religião e arte em geral, tendo sempre em vista uma melhor qualidade de vida para a população.
Na formação populacional o bom trabalho, o esforço, a abnegação de quantos, moradores catarinenses e paranaenses concorreram desde logo para isso.
As iniciativas e atitudes que partiram das duas cidades se impuseram como condição sine qua non para a evolução das mesmas.
No setor educacional, por exemplo, se de Porto União, do Colégio Santos Anjos saíram as primeiras professoras normalistas alfabetizando nas escolas da região, de União da Vitória vieram os primeiros professores com licenciatura pela Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras dando continuidade aos estudos, na época, para um ensino médio e até mesmo o superior.
Hoje as universidades existentes nas duas cidades oferecem cursos diversificados oferecendo aos acadêmicos mais opções.
Indiferentes quanto a localização das instituições, se num ou noutro município, concluem o curso e ingressam no mercado de trabalho.
No setor médico, nas casas de saúde, sempre esteve evidente o pronto e generalizado atendimento. Até mesmo porque, nascidos aqui trabalham lá e vice versa. Mais tarde, com especializações ampliadas no campo da medicina, os municípios passaram ao conhecimento como sendo núcleo de referência.
Na cultura artística as cidades sempre estiveram juntas através de músicos, pintores, artesãos e na literatura escritores e poetas representando-as aqui e em outras paragens.
No esporte, os espaços de interação, a troca de idéias, funcionaram como plataformas de diálogo para relações humanas e no fortalecimento das associações.
A religião, no início com igrejas católicas, evangélicas luteranas e metodistas, numa frutuosa relação não perderam a razão de existir. Com o passar dos anos outras mais chegando, a função de evangelizar foi acrescida da função social.
Jornais informativos, bons meios de comunicação, trouxeram fatos históricos, sociais e culturais numa cobertura ampla dos municípios. O rádio local teve início em União da Vitória mas chegou a região catarinense.
Passados os cem anos do município paranaense, 199O, nos festejos do aniversário, um canal de comunicação, estabelecido entre população e poderes públicos das duas cidades funcionou como ponte ao levantamento das tradições históricas e culturais, com realizações presentes e futuras. Exposições de vários níveis, projetos educativos, ações especiais entre instituições, diretorias de clubes, empresas e comércio em geral, em espaços disponíveis possibilitaram um ação conjunta com o envolvimento de Porto União.
Hoje, como antecipei no início do texto, é este último o município que festejará os cem anos de sua Emancipação Político Administrativa. E certamente a oportunidade dos união-vitorienses estarem envolvidos na programação da festa desta “Cidade Amiga”.
Afinal, começamos uma colonização e permanecemos unidos sempre.
Construindo Porto União, há 38 anos: Família Scheid trabalha acolhe e serve os clientes, na Lanchonete do Ivo
Paulo Horbatiuk
Quem é o jovem que, desde 2004, mantém a Lanchonete do Centro Universitário de União da Vitória – Uniuv, atendendo, com prontidão e cordialidade, inclusive oferecendo almoço, quando necessário?
Chamam-no de Nico, apelido de Nicolau. Ele é um dos irmãos ( Nicolau Manoel, Marcelo José, e Clarice de Fátima), filhos de Ivo Scheid, fundador da Lanchonete do Ivo, situada na Rua Matos Costa, em Porto União, SC, desde 1975, portanto, há 38 anos. Nesse lugar já teriam funcionado comércios da família Braun, e da família Sass.
Ivo José Scheid migrara do Rio Grande do Sul para Porto Vitória e, de lá, para Porto União, adquirindo o ponto de comércio, no prédio que pertencia à família Cleto e hoje a João Carlos Côas. “Abrimos uma mercearia. Lembro que vendíamos manteiga, queijo, requeijão, leite in natura, e diversos outros produtos alimentícios. Mais tarde, pressionados pela presença de supermercados ( com os quais não podiam concorrer), passamos à condição de Lanchonete”, relata Nicolau.
A clientela sempre foi muito diversificada, por ser um ponto central tradicional. É freqüentada por políticos, médicos, viajantes, pessoal do interior, da cidade... Ali se fornecem lanches, café, bebidas diversas, menos cachaça. Segundo Nico, nos anos 80, houve muitos debates e reuniões políticas em sua casa comercial, discutindo o futuro do Estado de Santa Catarina.
No começo, diz ele, a Rodoviária era precária, ficava na Praça Hercílio Luz, não possuía nem lugar para estacionar os ônibus. Ficamos sabendo que Nicolau perdera a mãe quanto tinha apenas 4 anos de idade, e que seu pai, após vir para Porto União, em 1979, adoecera, falecendo no ano seguinte. Nessa ocasião, foi a Tia Ika, irmã de seu pai, que uniu, com fortaleza, os sobrinhos, condição que até hoje os mantêm reunidos.
Ao lado, por muito tempo, onde hoje há uma barbearia, trabalharam os médicos do coração, Wilton França e Daniel Gonçalves.
São filhos de Nicolau e Ivana; Luciano e Luana. E a vida continua...
Assim, com espontaneidade e alegria, Nico participa da vida da cidade, ele e sua família, servindo a todos que os buscarem. É esse acolhimento e boa vontade que a todos cativa. Pois alimentar-se é preciso, mas ser bem recebido é ainda mais importante.
Essa é uma das empreendedoras famílias que têm escrito, nas páginas de sua vida e da comunidade, a história de Porto União, conhecida como “Cidade Amiga”, justamente pelo espírito de seus habitantes.
Concluamos com um poemeto de Helena Kolody:
“No fluir sem pausa,
Sedimenta-se a vivência,
Riqueza que se acumula. “
(Texto publicado no Jornal Caiçara dia 10/9/2013)
GRÁFICA UNIPORTO - uma empresa porto-unionense fazendo história
Fahena Porto Horbatiuk
Visito a Gráfica Uniporto e sou gentilmente atendida por Daniele, filha de Levy Pacheco, que me acompanha até ele. Essa filha o ajuda na condução da empresa. Por um bom tempo era a outra filha, a Pola, que lhe dava assessoria.
Levy Pacheco é um dos 10 filhos de João Batista e Zilda Figueira Pacheco, natural de Três Barras – SC, onde cursou a escola primária, no Grupo Escolar General Osório.
Já residente em Porto União, cursa o ginasial e o médio no Colégio Estadual Túlio de França; o Técnico em Contabilidade, na Escola Técnica de Comércio Coronel David Carneiro, em União da Vitória. É graduado em Administração pela Face (1.ª turma) – Faculdade Municipal de Administração e Ciências Econômicas de União da Vitória, atual Centro Universitário de União da Vitória – Uniuv.
A Gráfica funcionara, por uns 10 anos, na Rua Matos Costa, nº 46, adquirida que fora de João Alviar Fagundes, hoje residente em Brasília. Alviar possuía ali também o Jornal A Folha. De Artes Gráficas, seu nome fora alterado pelo novo proprietário, para Uniporto, em virtude da junção dos nomes das cidades gêmeas. A inauguração deu-se logo após a formatura de Levy em Técnico em Contabilidade – dia 30 de março de 1967.
O prédio onde está instalada a gráfica atualmente pertencia ao Sr. Antônio Domit, comerciante. No térreo, funcionava o armazém do 5.º Batalhão de Engenharia e Combate – 5.º BEC de Porto União; em cima, morava a família.
Casado com Divacil Pacheco, falecida precocemente, do coração, aos 52 anos, tem as filhas Daniele e Pola, e os netos Eduardo e Bianca, além dos genros e demais parentes.
Antes de adquirir a Gráfica, trabalhara no escritório do Moinho Tupy, dos irmãos Severino e Guerino Massignan.
A empresa Uniporto passou por diferentes sistemas de trabalho, conforme a tecnologia de então. Assim, Levy passou do sistema tipográfico , que exigia grande número de funcionários, ao off-set. Desenvolveu um trabalho intenso, produzindo formulários contínuos, que eram colocados no Paraná e em Santa Catarina, pois eram poucas as empresas que faziam esse tipo de nota fiscal automática. Eram caixas e caixas desse produto enviadas a seu destino. Com a vinda da nota fiscal eletrônica, esse serviço desapareceu. A máquina importada, de elevado valor, torna-se obsoleta. É agora objeto histórico...
A Uniporto produz, hoje, vários tipos de impressos em off-set. E o computador também abarca boa parte desse mercado.
Perguntado sobre a cidade do passado, lembra que o papel vinha pela estrada –de- ferro, demorando de 10 a 15 dias, de Curitiba até a Estação, de onde era transportado, em carroça, pelo Sr. Agnelo Nascimento.
Levy Pacheco sempre foi socialmente engajado: no Conselho da Igreja Matriz Nossa Senhora das Vitórias,no Rotary de União da Vitória, do qual foi fundador e presidente (rotariano por 25 anos); foi Vice-Prefeito na gestão de 1988 a 1992, auxiliando o Prefeito Ari Carneiro Júnior. Conforme Levy, fora uma gestão tranquila e muito produtiva.
Atualmente, Levy faz parte do Conselho da APAE de Porto União, tendo sido presidente dessa Associação; e do Conselho da Instituição que já se chamou Guarda-Mirim, SAN - Sociedade de Amparo aos Necessitados, e que hoje chama-se SAN – Abrigo de Crianças e Adolescentes de Porto União (abrigo provisório para reestruturação familiar), atendendo a crianças que vivem em situação de risco.
Acompanhou a Feira Intercolegial Estudantil do Livro, durante toda sua existência, sendo visitado, com frequência, pelos seus coordenadores, em especial, pelo Padre Estêvão Hubert, que preparava orientações aos professores, catálogos para as 14 barraquinhas de livros, selecionados por interesse e idade dos leitores; cartazes, sugestões de tarefas e roteiros de concursos, panfletos com textos para sala de aula, produzidos por membros da coordenação, impressos para cada estudante... Levy sempre foi parceiro, foi um membro da FIEL, com a produção, em tempo, de todo o material e aguardando a hora propícia para o ressarcimento, tendo em vista o caráter social e humano do Movimento.
Livros, a Uniporto já perdeu a conta de quantos viu nascer. Os últimos foram o do Professor Paulo Rocha, sobre as Enchentes do Iguaçu; e Em Cima do Lance, de Antônio Godoi (2014).
Conversando sobre os artistas, Levy menciona, com carinho, Eugênio Schuwaloff, que visitava frequentemente seu escritório e do qual adquirira duas telas: um mar encapelado ; e uma paisagem do Iguaçu, toda em tons de sépia, com moldura e tela preparadas pelo próprio pintor. Possui também uma paisagem local do artista amigo, Amadeu Bona. Dois grandes nomes inesquecíveis, por instigarem nosso senso estético e lembranças agradáveis.
Sobre o lazer preferido, fala das grandes pescarias, na Argentina e no rio Guaporé, em Rondônia, ou em outro lugar, com seus amigos. Casa de praia e chácara? Já os vendera. ”Ambas demandavam muito atendimento e preocupações”, conta.
Sua Uniporto está com 47 anos, e Levy quer conduzi-la até os 50. Depois? Ainda verá...
Sobre os amigos, Levy sorri, e lamenta não poder mencionar nomes, por serem tantos. Sente-se muito feliz, conta sua filha Daniele, quando chega um antigo cliente e diz que ali fizera seu convite de casamento e, agora, trazia o de sua filha. Ou quando um sacerdote, ordenado há 30 anos, volta ali, para mandar fazer os convites e lembranças de um neossacerdote, seu afilhado. Eles vêm como amigos e com certo orgulho de ali se reencontrarem, em situação semelhante à anterior. É interessante esse aspecto...
Levy sente empatia, gratidão e emoção por ter servido e poder continuar servindo bem às pessoas da região. E, em reconhecimento, é declarado Cidadão Honorário de Porto União. Sem saudosismo nem mágoas, vai fazendo bem aquilo que faz, e participa de muitos grupos de trabalho e de projetos de vida, daí sua realização e coerência existencial.
